CNI reduz estimativas e prevê crescimento de apenas 1,6% para a economia e de 1,8% para a indústria neste ano

As incertezas sobre os resultados das eleições e os rumos da política econômica do novo governo, associadas aos impactos da greve dos caminhoneiros e às mudanças do cenário internacional, comprometem o desempenho da indústria e da economia brasileiras. Por isso, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) diminuiu as previsões para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e o PIB Industrial.

As novas estimativas indicam que a economia brasileira crescerá 1,6% neste ano, um ponto percentual abaixo dos 2,6% previstos em abril. O PIB industrial terá expansão de 1,8%, menos do que os 3% estimados em abril. Conforme as previsões da CNI, os investimentos crescerão 3,5%, o consumo das famílias aumentará 2% e a taxa de desemprego fechará o ano em 12,45%. A revisão das estimativas está no Informe Conjuntural do segundo trimestre, divulgado na quinta-feira, 26 de julho, pela CNI.

O estudo destaca que o ambiente de incertezas e falta de confiança que impede a recuperação da atividade só mudará com a definição do quadro eleitoral e de um programa efetivo de ajuste fiscal. “O principal desafio é o equacionamento do déficit público, que se mantém em torno de 2% do PIB desde 2015”, diz a CNI. O Informe Conjuntural lembra, ainda, que o endividamento bruto do setor público alcançou 77% do PIB em maio deste ano.

O déficit fiscal e a dívida pública crescentes mostram que o próximo governo terá de fazer um grande esforço para equilibrar as contas. “A reforma da Previdência é crucial para esse esforço, mas não é por si suficiente”, alerta a CNI. “São necessárias medidas adicionais de contenção do crescimento dos gastos obrigatórios, como o com o pessoal e outros programas, de modo a assegurar o cumprimento das metas fiscais constitucionais – o teto dos gastos e a regra de ouro -, além da meta do resultado primário”, recomenda a indústria.

No Informe Conjuntural, a CNI destaca ainda que a greve dos caminhoneiros afetou o ritmo de recuperação da economia, que já estava aquém do esperado para o ano, e atingiu a confiança dos empresários e dos consumidores. Embora a indústria tenha recuperado em junho parte das perdas provocadas pela interrupção dos serviços de transportes, os efeitos da greve continuam prejudicando a atividade econômica. “O aumento do pessimismo, tanto dos empresários como dos consumidores, pode não ser transitório, e afetar o desempenho da atividade por mais tempo”, afirma o estudo.

Além disso, o estabelecimento de uma tabela com preços mínimos os fretes provocam incertezas jurídicas e podem aumentar os custos das empresas. “O desrespeito às leis de mercado e à livre iniciativa termina também por provocar desestímulos aos negócios e ao investimento, dificultado a recuperação da economia”, adverte a CNI.

Somado aos fatores internos, há o cenário internacional, que também já não está tão favorável à recuperação da economia brasileira, acrescenta o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. “O aumento gradual da taxa de juros nos Estados Unidos e o acirramento da guerra comercial ente os principais países trazem problemas para as economias emergentes, como a volatilidade no câmbio e o aumento dos juros no longo prazo”, afirma Castelo Branco.

Conheça as demais previsões da CNI para a economia brasileira neste ano:

  • Inflação:Apesar dos aumentos de preços provocados pela greve dos caminhoneiros, a inflação continuará baixa. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará o ano em 4,21%, abaixo do centro da meta de 4,5% fixado para este ano. Em abril, a previsão era de uma inflação de 3,7% neste ano.
  • Juros:Com a inflação sob controle, os juros básicos da economia fecharão o ano em 6,5% ao ano, acima dos 6,25% previstos em abril.
  • Câmbio:O dólar chegará ao fim do ano valendo R$ 3,80. A média do ano será de 3,63%.
  • Contas públicas:O governo federal fechará o ano com um déficit primário equivalente a 2% do PIB. A dívida bruta do setor público alcançará 76,3% do PIB.
  • Saldo comercial:O superávit da balança comercial alcançará US$ 62 bilhões, resultado de exportações de US$ 232 bilhões e importações de US$ 170 bilhões.

Fonte: Site Fieam

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